O outro lado da lua

quarta-feira, agosto 31, 2005

"Não se escolhe quem se ama"

“Dizem os mais velhos que o tempo tudo cura. (…)
Manuel decide não mais viver a vida de uma pedra. Parte rumo ao Tibete, desta vez, de facto rumo ao Tibete em busca de si e do mundo. Antes de partir, escreve uma carta a Matilde. A explicar-lhe tudo o que ela teima em não entender. Escreve-lhe apesar de, entre os dois, as palavras terem siso sempre complicadas. E Matilde entende o significado das suas palavras escritas. Na realidade, sempre tinha entendido as palavras dele que tinham ficado por ser ditas. E sempre tinha sabido que, por mais que quisesse, não poderia amar Manuel. Amá-lo de verdade. Para ela, ele seria sempre uma espécie de irmão mais velho ou de anjo da guarda. Porque não se escolhe quem se ama.
Matilde esquece Vladimir. A pouco e pouco, a ferida aberta sara. Uma das vantagens do esquecimento é conseguirmos esquecer aquilo que não nos apetece recordar. Mais vale não sermos de todo amados a sê-lo pouco e/ou mal. As pessoas não nos podem dar tudo o que queremos delas, o que esperamos que nos dêem. No âmago de si espera, secretamente, que um dia surja na sua vida um homem com quem, finalmente, consiga ser feliz. Sem se esquecer de, enquanto esse dia não chega,, viver em pleno cada novo dia da sua nova vida. Sem fantasmas. Carpe Diem! À noite, pede a um deus sem face que procure o seu amor pelos confins dos céus, que lhe peça que desça pela aragem morna da noite até ao silêncio do seu coração.
Talvez seja esse o sentido de toda a existência: uma coisa feita de luz e superior a todas as pequenas circunstâncias do coração.”

Joana Miranda

Porque o amor é ainda aquele mistério incompreensível que se depõe à nossa frente… e nos envolve com uma força e irracionalidade que não somos capazes de controlar… e muitas vezes somos felizes, outras tantas nem por isso, tal como demonstra este belo romance de Joana Miranda, que definitivamente me cativou, deixando-me o desejo de conhecer mais a sua obra literária.

quinta-feira, agosto 25, 2005

O mais importante...

Perco-me nas dunas dos meus pensamentos... Faço um breve balanço da semana que passou... Semana recheada de divertimento, de um adivinhar, de um descobrir da essência de cada uma das pessoas que me rodeava... e fascinar-me com cada trejeito, com cada sorriso, com cada olhar daqueles que me rodeavam.
E, mesmo naqueles que já conhecia melhor, as surpresas não faltaram....
Tenho a certeza que esta semana me marcou, bem mais do que aquilo que esperava... os momentos de reflexão, de auto-descoberta, de partilha, de procura... mas também de uma intensa felicidade e emoção da qual brotaram tantas lágrimas e que ainda continuam a brotar... E tudo isto porque me apercebi de que o mais importante é darmos aquilo que temos de melhor aos outros, sem medos, sem reservas... mais do que aquilo que muitas vezes procuramos incessantemente sem percebermos muito bem porquê... O mais importante é ver as pessoas de quem gostamos com um sorriso no rosto... O mais importante é apercebermo-nos do que realmente nos faz felizes... que é a felicidade espelhada nos olhares de quem nos rodeia...

segunda-feira, agosto 15, 2005

Soube-me a pouco

Pois é, isto por aqui está prestes a acabar... Resta menos de 12 horas para o regresso... mas a vontade de regressar, essa, é muito pouca. Apenas fico com a certeza de querer voltar e de aproveitar ainda mais, passear ainda mais, conhecer ainda mais esta região que tem tanto para oferecer... Levo comigo saudades... de olhar assim com a admiração de quem começa a ver pela primeira vez o mundo... de olhar como quem aprecia cada imagem que se vai processando a´nível cerebral... de olhar como quem sonha e deseja continuar a sonhar... olhar...

sexta-feira, agosto 12, 2005

"Diário de bordo 4"

Efectivamente estou doente, outra vez... por isso estou aqui a meio da tarde em vez de estar na praia a apreciar um bom sol, um bom banho, e uma boa paisagem... Então, aproveito para pôr o nosso percurso em dia. Basicamente, duas palavras: Hospital e Praia!
Mas deixando estas conversas, que já me começam a deixar deprimida, vou falar um bocadito dos atractivos (fora a Praia) na cidade coração da Ria Formosa!
Primeiro, a própria Ria, o ambiente em redor, propício ao romance... Depois, a cultura...

Museu Municipal de Faro:

"Foi o primeiro museu criado no Algarve. em 1894, no 5º centenário do nascimento do Infante D. Henrique foi inaugurado o Museu Arqueológico. As primeiras instalações foram no edifício dos Paços do Concelho. Em 1914, o espólio foi transferido para a Igreja do Antigo convento de Sto António dos Capuchos e aí se manteve até 1969. O espólio arqueológico é o mais significativo, havendo peças da pré-história e das épocas romanas e medieval. De entre os objectos mais relevantes apontam-se, como exemplos da época romana, o mosaico do Oceano (séc II/III), os bustos imperiais de Adriano e Agripina e um acervo de Epígrafes. Outra colecção de grande qualidade é a de pintura dos séculos XVI a XIX. É composta principalmente por espécimes religiosos outrora pertencentes a templos algarvios."

Reflectindo...

"A ciência pode ter aliviado as misérias da doença e do trabalho penoso e criado uma panóplia de artefactos para nosso entretenimento e conveniência, mas deixou-nos num mundo sem encanto. O pôr do sol foi reduzido a comprimentos de onda e a frequências. As complexidades do universo foram dissecadas em equações matemáticas. Até o nosso valor como seres humanos foi destruído. A ciência proclama que o planeta Terra e os seus habitantes são apenas um ponto insignificante num grandioso esquema. Um acidente cósmico. (...) Até a tecnologia que promete unir-nos, nos divide. Cada um de nós está agora electronicamente ligado ao mundo inteiro, e, no entanto, sentimo-nos irremediavelmente sozinhos. Somos bombardeados com violência, divisão, fractura e traição. O cepticismo tornou-se uma virtude. O cinismo e a exigência de prova tornaram-se pensamento esclarecido. Será de espantar que os seres humanos se sintam hoje mais deprimidos e derrotados do que em qualquer outro momento da sua história? Haverá algo, seja o que for, que a ciência considere sagrado? A ciência (...) retalha o mundo de Deus em peças cada vez mais pequenas em busca de significados... e tudo o que encontra é mais perguntas."

In"Anjos e Demónios", Dan Brown

Como mulher que segue a ciência, permito-me afirmar que ela tem sem dúvida imensurável valor... Porém, não consigo reduzir um pôr do sol... porque a sua magnitude atinge-me mais fortemente, numa dimensão que a ciência ainda não conseguiu decifrar completamente... Porém, a ciência também trouxe muita controvérsia porque onde se pratica o bem, também se pratica o mal... Porém, somos bombardeados com violências, divisões, traições... Sim, nestas alturas sinto-me realmente sozinha, sem força para mudar o que é irremediável à luz dos homens, à luz da ciência...
Reflicto seriamente sobre este assunto e fico assustada com o rumo do mundo criado pelos Homens, não só pela ciência, (até porque acredito que a ciência pode e deve ser utilizada para o bem do Homem, e por isso é que segui este caminho), mas por todos aqueles que vagueiam sem saber apreciar um pôr do sol, o luar sobre a noite...

terça-feira, agosto 09, 2005

"Diário de bordo 3"

Dia 8: De volta ao hospital: desta vez com os mais pequenininhos. Oh, que doçura! Que criaturinhas mais fofinhas e adoráveis. ..
De volta à praia de Faro... com muitas surpresas pelo caminho...
Dia 9: Mais bebezinhos. Oh, tão lindos! E a relação que estabelecem logo com as mamãs... simplesmente indescritível.
Mais um dia ao ritmo das ondas do mar, com os cabelos ao vento, e a mente, essa, mais uma vez perdida num horizonte de sonhos e ilusões...
Mas, oh, hoje não posso falar muito, porque estou completamente afónica...

domingo, agosto 07, 2005

"Diário de Bordo 2"

No episódio anterior, tinhamos visto o início da minha aventura na cidade de Faro... E cá estou eu. Se o primeiro dia foi a parte da adaptação, o segundo a descoberta da praia de Faro, o terceiro trouxe sem dúvida uma grande aventura! E porque volto a frisar isto? Bem, simplesmente para estarem atentos aos sinais e não enveredarem por um passeio numa cidade desconhecida em busca do hospital às 4 da manhã; e se por acaso, isso acontecer, mais uma vez estejam atentos, porque ninguém sabe os perigos que espreitam ao cruzar de cada esquina... Portanto, se algum dia a vossa pele tomar o aspecto de uma chita, (com a diferença, claro está, das manchas serem vermelhas), e começarem a inchar como um balão, não hesitem: o hospital é logo ali ao lado, onde existem profissionais ansiosos por aplicarem o seu conhecimento em prática, não sei se me entendem...
mas voltando à nossa viagem... No dia 5 decidimos explorar a parte histórica da cidade, que vale a pena conhecer, mais não seja para dizer que viram alguma coisa, ainda por cima sendo este ano esta cidade a capital da cultura... Os detalhes ficam para depois...
No dia 6 decidimos experimentar as delícias da praia da Quarteira... também não vou aprofundar muito o tema porque há muito por dizer e não vale a pena descortinar tudo de uma vez.
Dia 7: viagem até à ilha de Tavira: Domingo, Verão, turistas, aliados a um dia quente, uma paisagem deslumbrante, um mar sereno e refrescante... Ai, ai, já está na hora de ir embora? Pensei que pudessemos ficar aqui eternamente...

PS: Ok, isto é só mais um dos meus devaneios... por isso nada do que está aqui pode ou deve ser levado a sério com o perigo de causar graves danos mentais a quem o fizer.

quinta-feira, agosto 04, 2005

"Diário de Bordo 1"

Ao dia 4 é de referir já alguns precalços, e algumas aquisições:

Primeiro, encontramo-nos numa cidade labirinto, mas creio que graças à ajuda de pessoas fantásticas que aqui viemos conhecer, que este problema foi ultrapassado com sucesso.

Segundo, em vez de começar a dar assistência no hospital, fui assistida no hospital, por situação ainda não completamente resolvida e que está a causar limitações nesta diligência.

Por outro lado, aqui estamos nós numa bela cidade:
A cidade da Ria Formosa, formosa deveras... rodeando as muralhas que outrora defenderam as pessoas que aí habitavam...
Um fim da tarde, o sol a pôr-se sobre as águas límpidas da ria, o olhar fixo no horizonte

terça-feira, agosto 02, 2005

Afinal...

E aqui estou eu... prestes a devorar vorazmente estes dias... prestes a aprender...
Sim, aprender... Afinal, tudo acaba por ser uma aprendizagem. E nesta breve aprendizagem, espero somente não deixar que nada me escape ao olhar...
Afinal, os olhos são o espelho da alma... E neste breve olhar, espero somente manter o seu brilho...
Afinal, sem brilho as estrelas não estariam tão perto de nós... E no brilhar de cada criança, espero ver os reflexos da sua alegria no mar...
Afinal, o mar refresca os sonhos... E neste breve mar, espero encontrar vida...
Afinal, a vida é uma aprendizagem...